
O futebol, embora seja reverenciado como uma arena de união e competição, é palco de uma realidade sombria e persistente: o racismo. Jogadores talentosos e renomados, como Daniel Alves, Neymar, Léo Pelé e Vinícius Jr., enfrentaram insultos e gestos discriminatórios, demonstrando que a discriminação racial permanece arraigada no esporte mais popular do mundo.
Os casos de Racismo aumentam no Brasil
Dados recentes revelam um aumento alarmante nos casos de racismo no futebol, especialmente no Brasil. Segundo o Observatório da Discriminação Racial do Futebol, entre 2021 e 2022, houve um crescimento de 40% nos registros de ofensas raciais no país. Esse aumento reflete não apenas a prevalência do problema, mas também a urgência de ações concretas para combatê-lo.
Casos que chocaram o mundo
Fazendo uma retrospectiva de alguns casos que chocaram o mundo, podemos citar alguns direcionados a brasileiros. Em 2011, Neymar, durante um amistoso da seleção brasileira contra a Escócia em Londres, teve uma casca de banana arremessada em sua direção. Em 2014, Daniel Alves, atuando pelo Barcelona, reagiu ao racismo da torcida do Villarreal pegando e comendo uma banana lançada em sua direção.
Em 2015, Hulk ouviu sons de macaco de torcedores do Torpedo Moscou, respondendo com beijos após marcar um gol. No mesmo ano, Malcom foi alvo de racismo pelos fãs do Zenit em sua estreia na equipe. Em 2021, Vinícius Jr. recebeu ofensas racistas dos torcedores durante um clássico entre Barcelona e Real Madrid. Em 2022, durante um amistoso entre Brasil e Tunísia, uma banana foi atirada no campo após um gol de Vini Jr. e, além disso, um dirigente espanhol dirigiu uma fala racista ao jogador, mandando-o parar com “macaquices”.
Em 2023, Vinícius Jr. foi novamente alvo de racismo por torcedores do Valencia, que levou à interrupção do jogo, além de enfrentar manifestações racistas por torcedores do Atlético de Madrid.
O zagueiro Léo, do Athletico Paranaense, foi vítima de racismo durante o clássico contra o Coritiba, realizado no estádio Couto Pereira, semana passada. Após ser expulso no primeiro tempo, Léo foi alvo de insultos racistas por parte de um torcedor, que o chamou repetidamente de “macaco”.
Este último caso gerou grande repercussão nacional e levou o jogador a registrar um boletim de ocorrência na Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe). O torcedor responsável pelas ofensas foi identificado, indiciado por injúria racial e liberado após prestar depoimento. O Athletico Paranaense, em solidariedade ao jogador, adotou um uniforme preto com a frase “Não ao racismo” na partida seguinte, e a Federação Paranaense de Futebol (FPF) determinou um minuto de reflexão antes do início dos jogos da rodada.
O que esses casos refletem?
Esses incidentes, que infelizmente não são os únicos, refletem não apenas a prevalência do racismo no futebol, mas também a urgência de uma resposta eficaz. Embora medidas legislativas e regulatórias tenham sido implementadas, os desafios na aplicação dessas medidas persistem.
O racismo no futebol é mais do que um problema individual; é um reflexo das desigualdades profundamente enraizadas em nossa sociedade. Enquanto esses casos continuarem a ocorrer, é fundamental reconhecer que o futebol, embora seja um esporte de paixão e união, ainda tem um longo caminho a percorrer na erradicação da discriminação racial em seus gramados.
O que diz a lei sobre o racismo?
O advogado especialista Dr. João Valença esclarece que “A denúncia e o combate eficaz aos incidentes de racismo são imperativos para assegurar a justiça às vítimas e a integridade do esporte. A aplicação rigorosa das leis e regulamentos existentes, aliada a investigações minuciosas e punições proporcionais, constitui uma resposta adequada e necessária diante de tais violações.”, diz o sócio fundador do renomado escritório VLV Advogados.
Conclusão
O futebol tem o poder de unir pessoas de todas as origens, e é dever de toda a sociedade garantir que seja um espaço de inclusão e igualdade para todos. Neste contexto, a política de tolerância zero, aliada a penalidades severas, é necessária para desencorajar comportamentos racistas.